sábado, 6 de dezembro de 2008

Matéria do jornal Estado de Minas de 16/11/2008


MEMÓRIAS

O REI DA PILANTRAGEM

Biografia de Carlos Imperial recupera a vida do agitador cultural, que lançou a Jovem Guarda, compôs canções, fez filmes eróticos e apresentou programas de televisão

Douglas Alexandre/O Cruzeiro/EM/D.A Press - 04/01/1968

Ailton Magioli


Conhecido como Gordo, o irreverente Imperial criou caso com os militares e provocou polêmica no cenário cultural brasileiro
Dezesseis anos depois de sua morte, em 4 de novembro de 1992, Carlos Eduardo Corte Imperial ainda provoca medo em muita gente. A constatação é do biógrafo Denilson Monteiro, que está lançando Dez! Nota dez! Eu sou Carlos Imperial, da Matrix Editora, em que narra vida e obra do ator, cineasta, apresentador de TV, colunista de jornais e revistas, compositor e produtor musical, além de vereador e candidato a prefeito pelo Rio de Janeiro, em 1985. "Eu sempre o admirei, gostava da sua irreverência", confessa Denilson, cuja simpatia por Imperial tornou-se maior ainda ao descobrir que o polêmico artista era autor de músicas (Vem quente que estou fervendo, Nem vem que não tem, A praça, O bom e Mamãe passou açúcar em mim) que ele gostava na voz de cantores como Roberto Carlos, Wilson Simonal, Ronnie Von e Eduardo Araújo, entre outros.

Ao procurar pessoas que poderiam dar entrevistas e depoimentos sobre Carlos Imperial, ele diz ter encontrado uma ou outra se negando a falar do artista ou jurando nunca tê-lo conhecido. "É incrível!", espanta-se Denilson Monteiro, que garante que, depois da morte do Gordo (como costumava ser carinhosamente chamado pelos amigos), o Brasil perdeu alguém que o tornava mais alegre. "Esperei durante um bom tempo por uma biografia dele, mas ninguém se interessava em fazer. Um dia, resolvi eu mesmo arregaçar as mangas, com o incentivo de um jornalista amigo chamado João Pedro de Lima", recorda o biógrafo, que antes de Dez! Nota dez! foi responsável pela pesquisa de texto e imagem do best-seller Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia, do jornalista Nelson Motta, que foi um dos entrevistados em seu livro, além de participar da biografia de Clara Nunes, escrita por Vagner Fernandes.

Além de provocar o regime militar – em plena vigência do AI-5, ele foi preso depois de enviar cartão de Natal com uma foto sua, sentado no vaso sanitário, que continha a seguinte frase: "Espero que Papai Noel não faça no seu sapato o que eu estou fazendo neste cartão" – Imperial teria sido responsável, ainda, pela única vez em que o Ibope admitiu ter sido vítima de fraude. Com o auxílio de pesquisadores do instituto, em 1979, ele conseguiu pôr em prática um esquema que colocou o seu programa de auditório, na então TVS, em primeiro lugar de audiência. Segundo o biógrafo, ele teve uma grande sorte ao escrever a biografia de Imperial, diante do apoio total dos dois filhos dele, Maria Luiza e Marco Antônio. "Isso ajudou bastante", reconhece, "mas claro que houve problemas como greves em instituições de pesquisa e falta de grana em certos momentos", lista Denilson.


DESCOBRIDOR Autor de canções simples, cantadas pelo povo até hoje, Carlos Imperial também descobriu grandes ídolos da música (Roberto Carlos, que é capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, como ele, só gravou o primeiro disco graças à intervenção do Gordo) e foi um produtor teatral que deu oportunidades a muitos diretores e autores consagrados. "Muita coisa que está hoje aí foi iniciada por ele. O rock, por exemplo, se tornou popular no Brasil graças a ele e a pessoas como Jair de Taumaturgo, Antônio Aguillar e José Messias", diz, salientando, ainda, que Imperial criou com Nonato Buzar, Wilson Simonal e César Camargo Mariano um gênero musical batizado pelo segundo de pilantragem. Daí para se tornar conhecido como o "rei da pilantragem" não faltava mais nada. "Imperial era um sujeito esperto, figura folclórica de Copacabana que incorporava o rótulo não apenas musicalmente, mas como um legítimo pilantra. Porém, não se deve confundir pilantra com canalha", alerta Denilson Monteiro.

Sem Carlos Imperial, a Jovem Guarda jamais seria a mesma, segundo seu biógrafo. "Além de autor de sucessos da época como O bom, A praça e Vem quente que eu estou fervendo, grandes ícones do movimento surgiram nos programas que ele apresentava na TV carioca. "Roberto e Erasmo Carlos, Eduardo Araújo, Ed Wilson e Rosemary foram alguns", lista o biógrafo. "Depois, já em São Paulo, ele lançou Sylvinha e Vanusa. Com material inédito em mãos – inclusive um caderno em que Carlos Imperial preparou sua última entrevista – que pretende devolver aos filhos do biografado –, Denilson diz que seria bom se isso pudesse estar em alguma instituição, para servir de consulta a quem se interessasse. "Também existem os vídeos dele que estão no YouTube, disponibilizados pelo José Marques Neto, da Mofo TV. São fitas que encontrei no porão da casa dele e passei semanas limpando lá na cinemateca do Museu de Arte Moderna, orientado pelo mestre Hernani Heffner. Em breve, os filmes que ele produziu e dirigiu – que tive uma trabalheira danada para localizar – serão exibidos na televisão", conclui.

DEZ! NOTA DEZ! EU SOU CARLOS IMPERIAL
De Denilson Monteiro
Editora Matrix, 396 páginas

2 comentários:

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